Conheça o novo projeto do Banco Central que prevê a criação de uma moeda digital brasileira
A expectativa é que a moeda digital brasileira seja implementada em até três anos
Vem aí, a moeda digital brasileira. O Banco Central (BC) divulgou em 24/5 a criação de sua própria Central Bank Digital Currency (CBDC) ou Moeda Digital do Banco Central. O projeto está em desenvolvimento e formulação de diretrizes para elaboração da moeda.
O economista e coordenador dos trabalhos sobre a moeda digital do BC, Fábio Araújo, disse, em entrevista, que o objetivo é criar uma extensão da moeda física que possa ser utilizada no ambiente virtual e em determinadas operações offline também.
Ainda, segundo Araújo, a moeda digital será diferente das atuais criptomoedas que não detém as características de uma moeda, mas sim de um ativo. O economista acrescentou que a moeda será emitida pelo BC e que a instituição irá apenas guardar o dinheiro para clientes que optarem pelo uso do novo recurso.
Como o assunto ainda é uma novidade, milhares de pessoas têm dúvidas sobre as moedas digitais. Para auxiliar a população, vamos explicar os principais aspectos desse novo modelo de moeda que pretende modificar a dinâmica dos processos financeiros nos próximos anos.
O que é moeda digital?
A Central Bank Digital Currency (CBDC) ou moeda digital emitida por banco central é uma versão digital da moeda que já circula em determinado país. Por serem emitidas por banco central, as CBDCs são mais estáveis que as criptomoedas e fazem parte da oferta monetária da mesma forma que moedas em diferentes formatos.
O funcionamento acontece como se cada usuário tivesse acesso constante a uma conta bancária. Por meio dela, é possível fazer operações financeiras entre dois envolvidos como, por exemplo, uma loja e seu cliente, sem que haja a necessidade de intermediários como o banco, utilizando a tecnologia de blockchain.
Entenda a diferença e as semelhanças entre a moeda digital e as criptomoedas
Embora pareçam a mesma coisa pela nomenclatura, as moedas digitais e as criptomoedas são bastante diferentes na essência.
As CBDCs são consideradas dinheiro tradicional. Ou seja, a moeda que já existe, mas em formato digital. Obrigatoriamente, esse dinheiro é emitido e administrado pelo banco central de um país.
No caso das criptomoedas, como o Bitcoin, quem as emite é o código que a governa. Portanto, não existe gestão centralizada por uma instituição.
O que elas têm em comum é que ambas funcionam com base na tecnologia blockchain, uma espécie de recurso digital que dá permissão para que transações sejam registradas e verificadas em tempo real por diferentes usuários ao mesmo tempo.
Vantagens e desvantagens da moeda digital
Assim como toda novidade tecnológica, a criação das CBDCs tem suas vantagens e desvantagens. Conheça algumas delas!
Vantagens:
- Por ser um meio de troca, é considerada praticamente sem custo;
- Facilita o desenvolvimento dos micro e pequenos negócios com a diminuição de custos nas transações financeiras;
- Aumenta a eficiência dos sistemas de pagamento com operações mais rápidas;
- Torna as transações financeiras mais seguras;
- Tem maior estabilidade que as criptomoedas.
Desvantagens:
- Possibilidade de custos adicionais em virtude do compliance;
- Problemas com infraestrutura como queda de energia elétrica e conexão à internet;
- Menores taxas de crescimento econômico;
- Redução do número de empréstimos;
- Perda de receita nas instituições financeiras como bancos.
O que muda com a chegada de uma da moeda digital brasileira?
A expectativa com a chegada de uma moeda digital é que ela abra um leque de possibilidades de aplicações no dia a dia. Além de pagamentos no varejo, novas operações online e, a depender do caso, operações offline.
De acordo com Araújo, podem surgir novos tipos de tecnologias como os smart contracts (contratos inteligentes), plataformas habilitadas com internet das coisas (IoT), dinheiro programável e, ainda, recursos de autopagamento em supermercados, pedágios e estacionamentos.
Qual a situação deste recurso no cenário internacional?
Atualmente, a criação de moedas digitais caminha de forma rápida. Na China, por exemplo, é um tema que está em discussão há, pelo menos, 7 anos. Nos Estados Unidos, o assunto vem sendo tratado pelo banco central do país há mais de 2 anos.
De acordo com uma pesquisa desenvolvida pelo Bank of International Settlements, aproximadamente 70% dos 63 bancos centrais existentes estudam a criação de sua própria moeda digital.
Qual é a previsão de lançamento no Brasil?
Segundo o Banco Central, para que a moeda seja lançada, é necessário reunir todas as condições fundamentais para a implementação no mercado financeiro brasileiro.
“As condições são a tecnologia e segurança que atendam às diretrizes que foram determinadas hoje pelo Banco Central”, afirmou.
O tempo para que isso aconteça é de até 3 anos, de acordo com Araújo.
Entre os próximos passos de desenvolvimento do futuro Real Digital está uma consulta ao setor privado e à população brasileira para uma análise mais precisa de como a emissão das CBDCs pode ser mais eficaz para a sociedade.
A novidade faz parte de uma série de mudanças que o Brasil está aderindo, como as transações realizadas pelo WhatsApp e a chegada do Open Banking que, de acordo com especialistas, promete elevar a competitividade entre instituições financeiras.