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Energia maremotriz e seu potencial de produção energética no Brasil

19 agosto, 2021

Especialistas afirmam que o Brasil tem potencial para receber usinas de energia maremotriz capazes de gerar 87 gigawatts. A energia maremotriz apresenta um grande potencial de produção energética, sendo capaz de atender às necessidades elétricas de cerca de 250 milhões de consumidores em todo o mundo.

Apesar de não ser muito conhecida, trata-se de uma fonte alternativa de energia renovável que pode contribuir significativamente para a preservação do planeta.

 

O que é energia maremotriz?

A energia maremotriz, também conhecida como energia das marés, é obtida por meio do movimento das correntes marítimas e das variações das marés. Essa forma de energia pode ser convertida em eletricidade por meio da construção de barragens, eclusas ou unidades geradoras.

Nos últimos anos, esse modelo tem ganhado destaque devido ao intenso interesse humano em buscar novos recursos para produzir energia de maneira mais eficiente, sustentável e renovável.

Segundo uma pesquisa realizada por Tauane Karine Baitz da Silva, aluna do curso de Engenharia de Biossistemas da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da Universidade de São Paulo (FZEA-USP), orientada pelo Prof. Dr. Fabrício Rossi no Programa Unificado de Bolsas da USP, os 9,2 mil quilômetros do litoral brasileiro têm capacidade para abrigar usinas capazes de gerar 87 gigawatts.

Dessa capacidade total, aproximadamente 20% poderiam ser convertidos em energia elétrica, correspondendo a cerca de 17% da capacidade total instalada no Brasil.

 

Como a energia maremotriz é gerada?

O sistema utilizado para a produção dessa forma energética assemelha-se ao das hidrelétricas. Barragens próximas ao mar e diques captam a água durante as marés altas e armazenam-na em reservatórios que alimentam turbinas responsáveis por gerar eletricidade a partir desse movimento.

Apesar de muitos desconhecerem esse fato, o uso da força das marés remonta ao século XI quando os ingleses utilizavam essa ideia para acionar pequenos moinhos. No entanto, o primeiro projeto para geração elétrica só foi desenvolvido em 1967 pelos franceses com a construção da barragem no Rio Rance.

 

Existe a possibilidade de produzir energia maremotriz no Brasil?

Há pelo menos duas décadas se fala sobre a importância dos países investirem em energia sustentável. Atualmente, no País, os parques eólicos (9,09%) e as fontes solares (1,27% da matriz energética do país) estão na dianteira nesse sentido.

No entanto, considerando a extensa costa brasileira e a expertise do Brasil em construções oceânicas como plataformas de gás e petróleo, há possibilidade viável para obtenção desse tipo de energia. Embora sua construção seja mais custosa que a dos parques eólicos, especialistas apontam um potencial significativo nos 9,2 mil quilômetros do litoral brasileiro.

O professor Gustavo Assi do Departamento de Engenharia Naval da Escola Politécnica da USP afirma: “Ao contrário da energia eólica que depende dos ventos e da solar que depende da incidência luminosa, com a energia das marés podemos prever com precisão sua geração. Enquanto houver interação entre Sol, Terra e Lua será possível gerar energia dessa forma.”

No Brasil, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) desenvolveu um protótipo no Porto de Pecém (CE) entre 2012 e 2015 para monitorar e melhorar uma tecnologia patenteada pela própria universidade. Esse foi o primeiro projeto na América Latina que gerou eletricidade a partir das ondas do mar em escala real.

 

Qual é a principal vantagem de apostar nesse tipo de energia?

Uma das principais vantagens desse tipo de energia é sua natureza não poluente e renovável. Além disso, ela se mostra como uma excelente opção para locais com limitações na geração energética por outros meios. Ademais, ao contrário da solar ou eólica que dependem do clima ou condições atmosféricas específicas, a energia maremotriz oferece previsibilidade na geração energética.

Entretanto, é importante considerar que os custos associados à construção, desenvolvimento e manutenção dessa forma energética são elevados. O ideal é combinar sua utilização com outras fontes como a energia de potencial eólico para aumentar a capacidade produtiva disponível.

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